EAEX 2024 apresenta projetos que transformaram vidas com arte

A arte foi a ferramenta principal de dois projetos de extensão que levaram conhecimento e transformação social e cultural para a comunidade. Um deles, coordenado por Beatriz, estimulou debates e reflexões entre jovens adolescentes sobre a construção da imagem feminina ao longo dos tempos. O outro, desenvolvido por Rafaella, trabalhou a autoestima de alunas por meio da pintura.

Os dois projetos fazem parte do 7º Encontro Anual de Extensão Universitária (EAEX). O evento reúne pesquisadores que irão apresentar e discutir, de modo integrado, os resultados dos projetos de extensão desenvolvidos no âmbito da Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 2023 e 2024.

O EAEX é um dos eventos do Paraná Faz Ciência 2024, que esse ano será sediado pela UEM entre os dias 7 a 11 de outubro.

A mulher na História da Arte

Beatriz da Silva Pinto, aluna do curso de Artes Visuais da UEM, apresentará o projeto extensão desenvolvido na modalidade PIBIART focado na elaboração e prática de aulas de arte gratuitas para a comunidade maringaense.

A oficina se dedicou a abordar um tema relevante para os estudos da História da Arte atualmente: a representação da mulher nas Artes Visuais. Ela desenvolveu a proposta com o objetivo de estimular uma reflexão crítica sobre o papel das mulheres ao longo da história da arte, desde as representações medievais até as abordagens contemporâneas.

Beatriz aluna de Artes Visuais EAIC
Beatriz da Silva – estudante de Artes Visuais

“Foi um desafio pensar em como apresentar representações históricas sem carregar um teor religioso, que muitas vezes domina as representações medievais”, explica Beatriz. “Mas, ao mesmo tempo, foi enriquecedor comparar essas imagens com as representações contemporâneas e ver como as estudantes começaram a enxergar os estereótipos que se mantêm presentes na sociedade e na Arte até hoje”, enfatiza. 

Segundo a aluna, o curso teve como público-alvo jovens mulheres entre 14 e 18 anos, que encontraram na oficina um espaço seguro para discutir a maneira como a imagem feminina é construída e percebida ao longo da história que conhecemos.

Beatriz descreve que um dos maiores desafios foi justamente fazer com que as adolescentes se engajassem com a proposta de comparar diferentes períodos históricos. “Muitas vezes, elas tinham dificuldade em se conectar com as representações medievais, então foi preciso criar pontes entre o passado e o presente, algo que pudesse ressoar com a realidade delas. Assim, trouxemos para a sala de aula exemplos de mulheres contemporâneas que, de alguma forma, desafiam essas representações e abrem novos caminhos para a arte e a cultura”, finaliza.

Contribuições da Arte para o Desenvolvimento da Autoestima

Outro exemplo de destaque em Arte e Cultura presente no Eixo Temático 6 é o de Rafaella Paixão Borges, também aluna de Artes Visuais da UEM. A graduanda desenvolveu um curso gratuito para a comunidade, direcionado à criação de criaturas imaginárias através do ensino da técnica de aquarela. O projeto, que inicialmente foi planejado para quatro semanas, por fim, precisou ser expandido para um curso semestral, oferecendo uma experiência mais rica e aprofundada para as participantes.

Rafaella Paixão Borges
Rafaella Paixão – aluna de Artes Visuais

Rafaella contou que o principal desafio foi adaptar o cronograma inicial para um período mais longo. No entanto, ela conseguiu resolver o impasse mantendo o foco no desenvolvimento criativo das alunas. “Quando o curso foi ampliado, percebi que tinha nas mãos uma oportunidade única de explorar novas possibilidades com a aquarela e com o conceito de monstros imaginários”, relatou Rafaella. “O curso foi evoluindo à medida que as alunas iam se desenvolvendo. Eu não tinha todo o cronograma fechado no início e fui construindo as aulas conforme as demandas e o progresso delas.”.

Rafaella compartilhou que, durante o curso, foi preciso trabalhar o desenvolvimento emocional e a autoestima das alunas, pois elas não tinham confiança no próprio potencial criativo. “A arte é muitas vezes vista como algo que deveria perfeito ou belo, porém, eu queria desconstruir essa ideia. Minhas alunas estavam criando monstros, criaturas fora do comum, e muitas vezes achavam que o trabalho delas não era bom o suficiente. Meu papel foi mostrar que a arte não precisa seguir padrões de beleza ou perfeição; o importante era o processo criativo e o que aquelas criações significavam para elas.”.

Arte como Ferramenta de Inclusão e Redução de Desigualdades

O Paraná Faz Ciência 2024 tem como tema “Cultura, Diversidade, Saberes, Inovação e Sustentabilidade”, que dialoga diretamente com as propostas dos projetos de extensão oferecidos pelas graduandas Beatriz e Rafaella. Em comum, as alunas consideram que a Arte é uma poderosa ferramenta para promover o acesso aos mais diversos conhecimentos. Beatriz, a partir de sua experiência como docente, compreendeu que a Arte permite discutir temas complexos de maneira acessível.

“A arte tem um papel importante na democratização do conhecimento. Durante as aulas, percebi que muitas alunas não conheciam as representações históricas que abordamos. A linguagem visual permitiu que entendessem esses conceitos de forma intuitiva e reflexiva. Para Rafaella, a arte também é uma forma de promover a diversidade e o respeito às diferenças. “Trabalhar com monstros foi uma maneira de mostrar que aquilo que é diferente não precisa ser temido ou rejeitado. As alunas aprenderam a valorizar suas próprias criações e, com isso, passaram a valorizar também as diferenças entre si.”.

Rafaella acredita que o potencial da arte para promover inclusão vai além das salas de aula e pode contribuir para transformar a sociedade. “Quando falamos de Arte, estamos falando de cultura e de como nos expressamos como sociedade. A Arte reflete a diversidade de experiências humanas e, ao oferecer um espaço onde valorizamos diferentes perspectivas, contribuímos para uma sociedade mais inclusiva e justa.”.

A Importância da Extensão Universitária

O EAEX, parte do Paraná Faz Ciência, reafirma o papel da extensão universitária como um dos pilares fundamentais da educação superior no Brasil. Afinal, os projetos de extensão conectam o saber acadêmico às demandas da sociedade e promovem o desenvolvimento social, econômico e cultural. Ou seja, eles transformam realidades e geram conhecimento aplicado.

Para Rafaella, o EAEX representa uma oportunidade essencial de dar visibilidade à extensão universitária e à sua importância na formação acadêmica. “Eu só descobri como dar aulas em oficinas ao longo desse processo, e foi uma experiência que abriu meus olhos para novas possibilidades de carreira. É importante que outros estudantes conheçam essas oportunidades, tanto para aplicar seus próprios projetos de extensão quanto para participar de outros cursos oferecidos pela universidade.”.

Rafaella acredita que eventos como o EAEX são essenciais para fomentar o intercâmbio de ideias entre diferentes áreas do conhecimento. Eles aproximam estudantes e profissionais, criando um ambiente de colaboração e aprendizagem mútua.

Segundo Beatriz e Rafaella, a experiência com a extensão foi transformadora tanto pessoalmente quanto academicamente. “Eu aprendi muito sobre o processo de ensinar e compartilhar conhecimento”, disse Beatriz. “O contato direto com as alunas me fez perceber a importância de estar aberta às demandas da comunidade. Assim, pude adaptar meu conteúdo ao que era relevante para elas. Não era só sobre o que eu queria ensinar, mas sobre o que elas precisavam aprender.”.

Rafaella compartilha desse sentimento. “O EAEX e o Paraná Faz Ciência são oportunidades únicas de mostrar o impacto que a extensão pode ter. É uma forma de sair da bolha acadêmica e ver como o que fazemos na universidade pode transformar vidas. A arte, para mim, foi a ferramenta para isso.”

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