Iniciação Científica mostra o impacto da metformina no meio ambiente

A estudante de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Giovanna Caratapatti de Moraes, está se preparando para compartilhar seu estudo sobre a metformina no 33º Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC). O evento faz parte da programação do Paraná Faz Ciência 2024, que será sediado pela UEM entre os dias 7 e 11 de outubro.

Impacto da metformina no meio ambiente

A metformina, um medicamento amplamente utilizado para o tratamento de diabetes e síndrome dos ovários policísticos, pode ter efeitos tóxicos em organismos aquáticos. O estudo conduzido por Giovanna investigou os impactos do composto em uma espécie de peixe nativa do Brasil, o lambari (Astyanax lacustris). 

Giovanna conta que realizou a pesquisa durante os três primeiros anos de sua graduação. Nesse período, a aluna se dedicou a avaliar o impacto do medicamento em peixes expostos ao composto em condições controladas. O projeto fez parte de uma investigação maior, liderada por uma equipe de professores e pesquisadores da UEM, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo a estudante, esse fenômeno é uma grande preocupação ambiental nos dias de hoje. “A metformina pode ser tóxica para a biodiversidade. O problema principal é que ela é frequentemente encontrada dentro de corpos d’água, como estações de esgoto, rios e lagos. Isso acontece porque ela não é completamente metabolizada pelo corpo humano. Então, acaba sendo excretada por esses ambientes, logo acaba afetando a biodiversidade desses lugares”, explica.

Processo de investigação no laboratório

Na pesquisa, Giovanna utilizou lambaris, espécie que serviu como modelo para a pesquisa de toxicidade ambiental. A investigação durou três dias. Conforme relata a estudante: “coletamos brânquias e células sanguíneas e, em seguida, realizamos testes citogenéticos para verificar se havia alterações no número de cromossomos ou deformidade cromossômicas, além de analisar possíveis mudanças nas células do sangue e nas brânquias.”. 

Giovanna Caratapatti de Moraes estudante de Ciências Biológicas

Mesmo nesse curto intervalo, os resultados foram claros: houve alterações nas células do sangue e nas brânquias dos peixes. “Realizei uma exposição aguda, de três dias. E nesse período, já observamos alterações significativas dentro dos parâmetros que estávamos analisando. Ou seja, mesmo em pequenas quantidades e em um curto espaço de tempo, a metformina afetou essa espécie de peixe”, destacou Giovanna.

A poluição por produtos farmacêuticos, como a metformina, vem ganhando atenção na comunidade científica global. A metformina é um dos medicamentos mais prescritos no mundo para o controle do diabetes tipo 2, sendo consumida por milhões de pessoas diariamente. 

No entanto, os sistemas de tratamento de esgoto muitas vezes não conseguem remover completamente os resíduos de medicamentos das águas residuais, o que permite que esses compostos sejam liberados no ambiente natural.

Pesquisas como a conduzida pela estudante da UEM ajudam a preencher essa lacuna de conhecimento, fornecendo dados valiosos sobre como esses contaminantes afetam espécies aquáticas. 

O lambari, um peixe de águas doces no Brasil, é uma espécie particularmente relevante para estudos ecotoxicológicos, pois sua presença em rios e lagos reflete a qualidade do ambiente. Alterações em seus organismos podem servir como um indicador precoce de que o ecossistema está sendo prejudicado por poluentes.

Desafios da pesquisa e a importância do apoio científico

A trajetória da estudante na condução da pesquisa não foi isenta de desafios. Esses obstáculos, entretanto, não a impediram de seguir adiante com o projeto. A dedicação à pesquisa permitiu que ela desenvolvesse habilidades técnicas valiosas para sua formação acadêmica. “Foi uma experiência de 50% positiva e 50% negativa”, refletiu. “Porque acabei desenvolvendo as minhas habilidades técnicas como bióloga de laboratório no geral, além de habilidades de escrita científica. Percebi que não é uma área que gosto, então abri o campo para investigar outras partes da biologia que aprecio bastante”.

Esse tipo de experiência, que combina aprendizados e desafios, é comum no campo da iniciação científica. Muitos estudantes descobrem que o processo de pesquisa é tanto uma oportunidade de crescimento acadêmico quanto uma de autoconhecimento, permitindo assim que explorem áreas que preferirem e descubram o que realmente os motiva na ciência.

Partilha do conhecimento científico com a sociedade

O EAIC é um dos principais eventos de iniciação científica do Paraná. Ele oferece uma plataforma para que estudantes compartilhem os resultados de suas pesquisas com a comunidade acadêmica. A participação no encontro possibilita que esses jovens pesquisadores ganhem visibilidade, apresentem suas descobertas e recebam feedback valioso de colegas e especialistas em suas áreas.

A temática do EAIC 2024, “A ciência como caminho para a redução da desigualdade”, reforça o papel transformador da pesquisa científica. Ao abordar questões ambientais, como o impacto de poluentes no ecossistema, a ciência também contribui para a preservação dos recursos naturais e, consequentemente, para o bem-estar das populações humanas, especialmente aquelas mais vulneráveis às mudanças ambientais.

Um dos pontos levantados pela estudante foi a necessidade de que as descobertas científicas cheguem ao público em geral. Para ela, a ciência não deve ficar confinada aos laboratórios ou aos círculos acadêmicos. “Quando desenvolvemos a ciência e a mantemos apenas dentro do corpo acadêmico ou científico, não tem muita função. Para que fazer ciência se ela vai ficar restrita ao corpo científico e não será comunicada e disseminada para a comunidade em geral?” defende.

A estudante também acredita que a divulgação científica é fundamental para garantir mais investimentos na área. “Sem dinheiro, não há pesquisa”, afirmou. “As pessoas precisam saber o que estamos desenvolvendo para que tenhamos mais subsídios, mais bolsas e, assim, consequentemente, alcancemos mais resultados”, finaliza Giovanna

Confira a programação completa do 33º EAIC!

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